Esporte/Opinião
Foto: Nova camisa do Palmeiras, por LanceApós o empate em um gol com o Fluminense, no último sábado (27), no Maracanã, Abel Ferreira disse que, no segundo tempo, seu time teve mais medo do que coragem. O problema para os rivais que ainda sonham como o título brasileiro é que o Alviverde conquistou o direito de ser mais cauteloso do que ousado. Com oito pontos de vantagem sobre o segundo colocado, justamente, o Flu (antes do final da rodada), o Verdão não precisa mais correr grandes riscos durante a competição. Basta administrar a vantagem até o final do campeonato, o que promete ser torturante para os secadores. Não faria sentido o Palmeiras oferecer espaços ao Fluminense sabendo que com o empate voltaria para São Paulo com a mesma confortável diferença que tinha sobre o rival quando chegou ao Rio. Abel resumiu isso em uma de suas respostas na entrevista coletiva depois do jogo, que terminou com 16 finalizações tricolores contra sete palmeirenses, segundo o site Footstats. “Não sei se foi por ser o segundo classificado, e os nossos jogadores saberem que mantemos a distância…Por isso que te disse aqui, achei que foi mais um fator mental. Nosso adversário tinha que arriscar tudo para ganhar, daí a coragem e esse atrevimento. Acho que nós ficamos com medo de ganhar o jogo. Da nossa parte, mais medo do que coragem”, afirmou Abel. Abel não precisa armar um time mais ofensivo e menos protegido na defesa do que suas necessidades só para agradar críticos. Até aqui, o Palmeiras teve equilíbrio entre defesa e ataque na competição. Tanto é que, antes do complemento da atual rodada, era o time que mais marcou gols (39) e menos sofreu (16). Se já era difícil fazer gols na equipe treinada pelo português enquanto ela tentava se consolidar na liderança, imagine agora, sem precisar correr riscos? Neste momento, o Alviverde precisa apenas administrar sua vantagem.
Um jogo seguro basta para isso. Claro que o campeonato não está ganho, mas só uma brutal queda de qualidade do Palmeiras parece ser capaz de tirar o título do Alviverde. Jogar com inteligência e cautela ajuda a evitar esse risco. Quem precisa arriscar mais são os outros. E rotular o time de Abel de retranqueiro (injustamente na minha opinião) não deve desestabilizar elenco e comissão técnica tão cascudos e vencedores.
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.