BRASIL
Indígenas doentes que vivem na terra Yanomami – a maior reserva indígena do país – foram resgatados com quadros de desnutrição severa e malária, segundo informações do Ministério da Saúde. Desde segunda-feira (16), equipes da pasta fazem atendimentos na região.
Desde o início dos atendimentos, técnicos do Ministério da Saúde resgataram ao menos oito pacientes crianças, que estão em estado grave. Todas foram encaminhadas para a capital Boa Vista.
Na terça-feira (17), um recém-nascido yanomami, de 18 dias de vida, com quadro de pneumonia, recebeu atendimento médico e foi levado para Boa Vista. A mãe – que é da comunidade Loko – percorreu três horas até chegar na Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI), no polo base de Surucucu. O bebê chegou a ter cinco paradas cardíacas.
O Ministério da Saúde disse que está realizando uma missão com o objetivo de elaborar um diagnóstico sobre a crise sanitária no território. A ideia é oferecer serviços de saúde aos mais de 30,4 mil indígenas que vivem em comunidades da região.
“Nos últimos anos, a população Yanomami passou por desassistência e dificuldade de acesso aos atendimentos de saúde. Casos de desnutrição e insegurança alimentar, principalmente entre as mais de 5 mil crianças da região, foram registrados”, disse o Ministério da Saúde.
“Profissionais de saúde relatam falta de segurança e vulnerabilidade para continuar os atendimentos, dificultando ainda mais a assistência médica aos indígenas”, informou.
Indígenas que vivem em comunidades isoladas geograficamente e de difícil acesso, no meio da Amazônia, sofrem com a falta de assistência regular de saúde. Enquanto isso, garimpeiros ilegais destroem a floresta em busca de ouro.
Em novembro de 2021, o Fantástico e o g1 mostraram a precariedade na assistência de saúde da região, o que resulta em desnutrição e malária – situação em grande parte agravada pelo garimpo ilegal.
Atendimentos
Dentro da reserva, as equipes usam o polo de Surucucu como base para atender as pessoas que precisam de atendimento.
O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, acompanha o trabalho. Ele é responsável por inúmeras denúncias de descaso na saúde, na região.
“Vimos crianças convulsionando com desnutrição, trouxemos para Surucucu e, hoje, foram removidas para Boa Vista.”
“Desde que chegamos aqui a equipe do Ministério da Saúde já enviou oito pacientes, crianças, em estado grave para Boa Vista”, afirmou Júnior.
Entre as comunidades atendidas estão Kataroa, Yaritopi e Xitei. O Ministério deve definir as ações imediatas que serão adotadas no território, além de fortalecer a atenção ofertada pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami.