VIOLÊNCIA/RACISMO/EXTREMISMO
Uma criança negra de apenas 4 anos de idade, foi agredida dentro da escola que estuda. A cena, que ocorreu na Escola Municipal Professora Iracema de Souza Mendonça, situada no Bairro Universitário, e deixou todos atônitos diante da violência gratuita e do preconceito manifestado pelo pai de outro aluno.
Na narrativa angustiante, a menina, animada para mais um dia de aprendizado, chega à escola com sua mochila de rodinhas, pronta para se juntar aos colegas. No entanto, sua felicidade é interrompida abruptamente quando o pai de um dos garotos presentes a empurra pelas costas, grita com ela e a ameaça. O motivo? A cor de sua pele.
O choque se estende ainda mais quando é revelado que o agressor não se limitou apenas à menina. Antes de agredi-la, ele também atacou a diretora da escola, que tentava impedir sua entrada em uma área proibida para adultos. A situação alcançou tal gravidade que a intervenção da Guarda Civil Metropolitana foi necessária, e o caso foi encaminhado à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente.
Segundo relatos da diretora, após o incidente, o agressor voltou à escola e admitiu ter instruído seu filho a agredir a menina, sem qualquer provocação ou motivo justificável.
A advogada da família da menina, Lione Balta Cardozo, corretamente caracteriza o incidente como um crime de racismo. É inconcebível que uma criança inocente, com peso inferior a 20 quilos, seja alvo de tal violência apenas por sua raça. Não há justificativa para tamanha crueldade, e é provável que os efeitos traumáticos desse episódio persistam por muito tempo na vida da menina.
Após o ocorrido, todos os envolvidos foram encaminhados à delegacia para prestar depoimento, incluindo o agressor. No entanto, as justificativas para tal ato covarde não foram divulgadas publicamente.
Descobriu-se que nas redes sociais desse indivíduo estão presentes imagens que glorificam armas e exibem suásticas nazistas, além de conteúdo que incita à violência contra pessoas negras.
O agressor ostenta símbolos nazistas em sua rede social, pois esses símbolos são associados a uma ideologia de supremacia branca e genocídio que causou incontáveis sofrimentos e mortes durante a Segunda Guerra Mundial.
Além disso, a glorificação de armas e a incitação à violência contra pessoas negras são intoleráveis e, também é crime inafiançável.
Entidades serão acionadas a fim de coibir essas atitudes em pleno século 21.
O Trabalho e Estudos Zumbi (TEZ) veio a público repudiar tal ato:
NOTA DE REPÚDIO
Grupo TEZ, primeira entidade do movimento negro sul-mato-grossense, manifesta,
publicamente, repúdio a quaisquer formas de discriminação e de preconceito racial.
Como parte da sociedade somos todos diferentes e é nessa característica da
humanidade, que reside a nossa força, beleza e infinitas possibilidades de criação e
recriação. Porém, essa mesma característica produziu, ao longo da história, e continua
a produzir preconceitos e discriminações que levaram e levam ao exercício de poder
sobre as pessoas por conta da cor da sua pele, religião, orientação sexual, dentre outras.
Estamos profundamente indignados com o ocorrido e reiteramos que abominamos,
de forma veemente o fato acontecido na Escola Municipal Professora Iracema de
Souza Mendonça, situada no Bairro Universitário, na manhã desta segunda-feira (11),
em Campo Grande. O racismo causa impactos danosos do ponto de vista psicológico e
social na vida de toda e qualquer criança ou adolescente. A criança não nasce racista,
mas pode aprender a discriminar apenas por ver os adultos discriminando, nesses
momentos, ela se torna vítima do racismo.
O ato de discriminar agride os Direitos Humanos e o princípio da dignidade da pessoa
humana. É nossa responsabilidade enfrentar o racismo nos diferentes espaços que
ocupamos, incluindo os ambientes virtuais e as escolas.
Esperamos que diante de todos os fatos as devidas providências sejam tomadas pelos
órgãos competentes.
Att.
Grupo Trabalho e Estudos Zumbi – TEZ