ARTIGO/POLÍTICA
A política é frequentemente descrita como uma dança complexa, onde os participantes mudam de lugar conforme as circunstâncias políticas e sociais evoluem, uns por entender ser conveniente, outros a pedido de eleitores e por fim outros mudam por mera situação de: “Dançar conforme a música”. Em Maracaju, cidade onde a política local tem sido marcada por uma série de reviravoltas e escândalos (lembrando que nem todos os vereadores foram envolvidos em escândalos), a dança das cadeiras na Câmara Municipal alcança um ponto crucial este ano, com a população ansiosa por mudanças e transparência.
Composta por 13 vereadores, a Câmara Municipal de Maracaju enfrenta um dilema único, onde até lembra da época do “coronelismo”. Alguns de seus membros têm ocupado seus assentos por décadas, consolidando uma presença política que levanta questões sobre a renovação e representatividade. Em contrapartida, escândalos e investigações envolvendo outros vereadores lançaram dúvidas sobre a integridade do corpo legislativo local.
O cenário partidário também desempenha um papel significativo nesse processo. O PSDB possui cinco (05), o MDB quatro (04), Partido Patriota conta com dois (02) vereadores, o PP um (01) e o Republicanos também um (01). Esta talvez em viés semântico, dá conta de uma distribuição desigual de cadeiras e que levanta questionamentos sobre a próxima eleição: Uma pergunta ecoa na boca dos maracajuenses: “Haverá espaço para todos os atuais ocupantes”?
É possível que partidos com menos representação na câmara municipal busquem estratégias para manter ou aumentar sua influência. Uma tática comum é utilizar novos nomes como “escadas” para os veteranos, permitindo-lhes permanecer no poder enquanto dão a impressão de renovação. Isso levanta preocupações sobre a verdadeira representação democrática e a possibilidade de perpetuação de dinastias políticas locais.
Além disso, há rumores de que um vereador particularmente muito bem votado, popular e que também não está envolvido em escândalo algum, possa lançar sua candidatura para prefeito, adicionando uma nova camada de complexidade ao cenário político de Maracaju. Essa possível mudança pode redefinir alianças e estratégias dentro da Câmara Municipal, impactando diretamente a dinâmica das eleições locais. Quem o substituirá?
No entanto, apesar das promessas de mudança e renovação a cada eleição, muitos vereadores conseguem manter suas posições eleição após eleição, uma perpetuação nada boa para a democracia brasileira, pois há uma imbricação, pois essa imbricação ou entrelaçamento, ao contrário do que se argumenta, é o que neste caso descentraliza a intenção dos eleitores.
Por outro lado a resistência à mudança por parte dos eleitores, combinada com fatores como lealdade partidária e poder econômico, que contribui para essa aparente estagnação política.
É essencial que os cidadãos de Maracaju exerçam seu direito democrático com plena consciência das questões em jogo. A transparência, a prestação de contas e o compromisso com o bem-estar da comunidade devem ser os pilares sobre os quais se baseiam as decisões eleitorais.
Existe a repetição de padrões na política local, onde as mesmas pessoas sempre trabalham para os mesmos candidatos e as manobras eleitorais se tornam previsíveis, pode causar desilusão e frustração entre os eleitores, lembrando, que não é nenhuma contravenção trabalhar sempre com a mesma pessoa, claro que não. Todavia é também compreensível que os cidadãos sintam-se desapontados quando as promessas feitas durante a campanha eleitoral não se concretizam após a eleição, e em vez de cobrar dos representantes da câmara, os eleitores cobram de quem trabalhou pra ele. Vai entender!
Muitas vezes, durante o período eleitoral, os políticos estão altamente acessíveis e aparentemente comprometidos em resolver os problemas da comunidade. No entanto, após garantirem seus mandatos, a atenção dada aos eleitores diminui drasticamente, e esses elegidos atendem somente aquela parcela que há anos ou décadas vem alimentando-os com pequenos e individuais favores. A agenda política muda rapidamente, deixando os eleitores que confiaram em seus representantes se sentindo negligenciados e abandonados.
A desconexão política entre eleitos e seus eleitores pode levar à desilusão e ao aumento do cinismo em relação ao processo político. Muitos desassossegados podem se sentir traídos e abandonados por aqueles em quem depositaram sua confiança e seu voto. Isso pode resultar em uma perda de apoio para os políticos incumbentes e uma busca por alternativas entre os eleitores insatisfeitos.
É também importante reconhecer que a política é um campo complexo, e as mudanças nem sempre acontecem da noite para o dia. Além disso, muitas vezes existem limitações estruturais e burocráticas que podem impedir os políticos de cumprir todas as suas promessas de campanha, já que quando querem o poder, muitos prometem “o mundo”. E esses elegidos se garantem através de seus representantes, assessores, onde pensam: “Se eu ganhar , meu assessor resolve, dá nada não”…
No entanto, os políticos têm a responsabilidade de manter-se abertos e acessíveis aos seus constituintes, mesmo após o fim da eleição. Os feedback’s são fundamentais para manter a confiança do eleitorado e garantir uma representação eficaz, não é só tirar foto de um bueiro consertado, ou de uma lâmpada colocada no poste, ou de um meio fio pintado ou ainda uma melhoria em qualquer via pública. O papel do legislador, é também executivo, e vai além de fotos e curtidas nas redes sociais. As atribuições legais dos vereadores são por representar a sociedade perante o poder público, debater e lutar pelos interesses da sociedade em coletividade, elaborar as leis municipais e fiscalizar as ações do poder executivo na cidade que pertence.
Em análise, a mudança real só pode ocorrer quando os eleitores exercem seu poder nas urnas de maneira informada e responsável, deixando pra trás os pequenos favores individuais, os atendimentos isolados, onde na maioria das vezes é feito nas ruas, quando por vezes um vereador é abordado na saída de um supermercado, ou num passeio, ou numa igreja e ou quando está jogando cartas com amigos. A população merece ser atendida com requintes de chefes de estado, pois foi ela que colocou o política lá na cadeira.
Conclui, que, a dança das cadeiras na Câmara Municipal de Maracaju reflete uma interseção complexa de interesses políticos, partidários e sociais. O próximo pleito eleitoral será um momento decisivo, como nunca foi na história de Maracaju, onde o destino político e a direção administrativa pública futura serão determinados pelo voto dos cidadãos conscientes e comprometidos com o progresso, a transparência e a confiança na democracia. Crucial é, que a mudança parte da população com o compartilhamento de ideias, debates, reuniões, presença nas reuniões da câmara, pois só assim talvez não alimentará as urnas com votos jogados fora.